Com rumores de racionamento de energia e aumento na conta de luz, fazendeiros optaram pela sustentabilidade e autossuficiência. Energia solar é a bola da vez!
As termelétricas supriram o déficit de abastecimento, o que, além de aumentar as emissões de CO2, resultou em maiores contas de energia elétrica, uma vez que uma sobretaxa de 52% para cada 100 kWh foi introduzida em julho.
Isso traz consigo a possibilidade de severo racionamento de eletricidade.
Diante disso, várias famílias enxergam a energia solar como uma oportunidade de autossuficiência econômica e energética. Com a energia gerada pela usina solar, é possível atender a demanda da granja, do galpão leiteiro e das duas casas, uma para a família e outra para os funcionários.
Hoje, uma propriedade que consome em média 6 mil kWh por mês, a um custo em torno de R $3 mil. Com a instalação, a conta será zero e o desembolso inicial será recuperado em cinco anos.
Mudando para painéis solares
Milhares de produtores rurais estão mudando para a energia solar em busca de economia e garantia de fornecimento de energia. Nos últimos cinco anos, a capacidade instalada de sistemas fotovoltaicos cresceu 1.300 vezes nas áreas rurais, saltando de 0,58 MW para 791,32 MW (entre junho de 2016 e junho de 2021).
Ainda assim, apenas 13% da energia solar instalada no Brasil encontra-se em áreas rurais, de acordo com dados de 2020 da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
O mercado está aquecido, com uma demanda muito alta. E a crise hídrica contribui para isso. O anúncio do governo federal em maio de levantar a bandeira vermelha indicando aumento de tarifa aumentou a demanda dos produtores rurais.
O preço dos painéis é atraente e permite um retorno do investimento em poucos anos. Praticamente todos são chineses, com tecnologia de ponta.
Quanto ao sistema fotovoltaico, o que vem da China é referência mundial e está contribuindo para o desenvolvimento do setor no Brasil.
Em todo o mundo, o custo da energia solar em escala utilitária caiu 82% entre 2010 e 2019, de acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), impulsionado pelos custos de fabricação mais baratos na China, que responde por cerca de 72% da produção global.
Sustentabilidade no Brasil com energia solar
Além da economia financeira e da redução dos riscos de racionamento de energia, a sustentabilidade é um fator motivador para os produtores que investem em energia fotovoltaica.
Normalmente, os fazendeiros já reaproveitam água por meio de cisternas e preservamos nascentes na propriedade. Ações de baixo impacto ambiental sempre estiveram no radar. A usina solar é mais uma.
É o que fazem os fazendeiros do centro oeste, que estão cada vez mais aderindo à opção tendo um crescimento de energia solar em Goiânia, por exemplo.
No entanto, a maioria dos agricultores que opta pela transição para uma energia mais limpa não é influenciada pela mitigação do clima. Sem dúvida, o principal motivo da instalação de energia solar nas propriedades é a redução de custos, principalmente para os produtores de aves, suínos e leite, que consomem muita energia.
Existe até a preocupação com a preservação do meio ambiente, algo comum em outros países. Mas no Brasil essa cultura precisa se desenvolver ainda mais.
A crise da água e a consequente subida dos preços da eletricidade em 2021 não é um episódio isolado. O aumento da demanda de energia e os riscos climáticos, manifestos na redução das chuvas sazonais, vêm preocupando o setor elétrico há anos.
Energia Solar e Cientistas
Os cientistas também aconselham os governos a levar em consideração as mudanças climáticas ao considerar a construção de usinas hidrelétricas que podem se tornar uma espécie de ‘ativo perdido’.
Uma matriz energética brasileira mais diversificada poderia reduzir a pressão sobre o sistema elétrico, além de minimizar os impactos ambientais relacionados às hidrelétricas, segundo Rafaela Flach, consultora ambiental independente.
Um estudo recente com coautoria Flach publicado na World Development mostra que o desmatamento, principalmente da Amazônia e do Cerrado, aumenta as temperaturas e reduz as chuvas locais, secando o solo e prejudicando o agronegócio.
Flach e seus colegas estimam que a destruição de biomas custará à indústria da soja US $3,55 bilhões por ano.
Sabemos que a Amazônia é importante para todo o país, inclusive para a Região Sul, pois influencia a precipitação e o regime de chuvas
O Cerrado e a Amazônia sofrem atualmente com altos índices de desmatamento, preocupando os produtores rurais. Apesar da distância desses biomas da propriedade de Callegaro, que se insere na ‘Amazônia Legal’ na Mata Atlântica, que tem apenas 7% de sua cobertura original, suas lavouras ainda são impactadas.
Sabemos que a Amazônia é importante para todo o país, inclusive a Região Sul, pois influencia a precipitação e as chuvas. Os produtores já sabem disso.
Existem consequências econômicas e sociais para a agricultura e a pecuária. Precisamos minimizar esses efeitos para mitigar os danos, antes que tenham causas irreversíveis.
Taxando o sol
Apesar do crescimento considerável dessa energia solar, existem obstáculos para o setor no Brasil. Uma delas é a chamada ” tributação do sol “, apelido dado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que aumentaria as tarifas para quem tem painéis instalados.
Ainda não entrou em vigor, mas continua a preocupar os defensores do modelo.
Nos próximos anos, a tendência de crescimento muito forte deve continuar. A única ameaça é a questão regulatória. Se não houver tributação, o mercado vai continuar crescendo. Se isso acontecer, não inviabiliza , mas vai aumentar o tempo de retorno do investimento.
Outra questão para o setor de energia solar é a insegurança jurídica no Brasil. Muitos que investiram em painéis solares ou planejam temer mudanças nas regras.
Existe essa incerteza, mas as pessoas sabem que se investirem agora que pelo direito adquirido têm garantia de 30 anos, que é a vida útil do equipamento. Quem investir depois, se a legislação mudar, terá que usar novas regras. Portanto, aproveite essa tendência enquanto é tempo.
A falta de insumos para a produção de painéis solares tem sido outro desafio em meio à pandemia. Na China, a falta de vidros atrasou a entrega dos pedidos de painéis. Desde o início da pandemia, a demanda chinesa por vidro aumentou 50%.