O open finance completa cinco anos no Brasil e se apresenta como uma das maiores transformações do setor bancário nacional. Mesmo de forma quase invisível para o consumidor, a tecnologia já está por trás de serviços usados no dia a dia, como o Pix automático, que vem substituindo boletos, e o Pix por aproximação, que agiliza compras presenciais.

    A grande inovação é o controle dado ao cliente. Todos os dados só podem ser compartilhados com o consentimento expresso do usuário, que pode autorizar ou revogar o acesso a qualquer momento. Essa dinâmica, em linha com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), trouxe mais confiança para a adesão ao sistema.

    Na prática, o open finance conecta informações antes restritas a cada banco e permite que diferentes instituições acessem — com segurança — o histórico financeiro de uma pessoa ou empresa. Isso abre caminho para produtos mais personalizados e taxas mais competitivas.

    Do Pix ao crédito mais barato

    Além de expandir os limites do Pix, o open finance já mostra impacto direto no crédito. Segundo dados do setor, a aprovação para bons pagadores pode crescer até 30% quando instituições conseguem avaliar informações consolidadas em tempo real. Isso se traduz em juros mais baixos e maior inclusão financeira.

    O alcance da tecnologia não se limita às contas correntes tradicionais. Desde 2023, o ecossistema incorporou dados de investimentos, câmbio, seguros, previdência privada e até capitalização. A tendência é que o consumidor passe a gerenciar tudo em um mesmo ambiente digital.

    Neste cenário, a conta digital é protagonista. Com a centralização de dados e serviços, bancos e fintechs oferecem experiências integradas: o cliente consulta saldo em múltiplos bancos, realiza pagamentos instantâneos e ainda acessa ofertas de crédito personalizadas, tudo em uma única plataforma.

    Obstáculos e próximos passos

    Apesar dos avanços, a infraestrutura do open finance ainda enfrenta gargalos. Estimativas da Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamento (Init) apontam que de 50% a 60% das operações registram falhas. Em comparação, cartões de crédito e débito operam com índice de sucesso próximo a 99,5%. O desafio é equilibrar segurança com maior eficiência nas transações.

    Outro ponto está na adesão das empresas. Em 2024, mais de 40 milhões de consentimentos partiram de pessoas físicas, mas apenas 400 mil de pessoas jurídicas. Questões burocráticas, como a gestão de múltiplas contas em filiais, ainda travam a integração no setor corporativo.

    Para 2026, o Banco Central já projeta novos avanços. Entre eles, a portabilidade de crédito via open finance promete acirrar a concorrência entre bancos, enquanto o processamento de Pix em lotes deve facilitar o dia a dia de companhias com grande volume de transações. A promessa é clara: mais competitividade, menos custos e maior autonomia para consumidores e empresas.

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